Aulas de moda étnica, artesanato, culinária africana, serigrafia, costura e cerâmica negra. Tudo no mesmo lugar e gratuitamente. Com apoio do Ministério do Turismo (MTur), em quatro meses, 250 moradores da Vila do João, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), já participaram de oficinas de capacitação oferecidas pela ONG Ação Comunitária do Brasil. O projeto “Vila do João: uma fusão entre Brasil e África” está entre as 50 ações de Turismo de Base Comunitária (TBC) selecionadas em 2008 pelo edital nº 001/2008.
Durante as oficinas, os alunos aprendem a confeccionar produtos voltados para o setor turístico. De acordo com Ana Paula Degani, técnica do projeto, os cursos são direcionados para a gestão de empreendimentos baseados nos preceitos da economia solidária e do comércio justo, que valorizam e resgatam a cultura afro-brasileira, sobretudo a angolana, visando a promoção das culturas supracitadas. A Vila do João é a maior comunidade angolana do estado do Rio de Janeiro.
Segundo Degani, depois do término das oficinas, os alunos participam de um grupo produtivo em que dão continuidade ao trabalho em cooperação. “Incentivamos a formação desses grupos porque após o aprendizado sempre existe o desejo de criar, e os lucros são divididos igualmente”, explica a técnica. As confecções são expostas e comercializadas nos corredores culturais do Rio de Janeiro, no Shopping da Gávea e na Vitrine Social da ONG, que fica no centro da capital.
Com a capacitação, os turistas que visitam a Vila do João tem a oportunidade singular de conhecer o bufê Marea, especializado em culinária étnica; artigos de cerâmica negra da Maré; bonecas banto, feitas de retalhos e criadas em homenagem à beleza da figura negra; artigos de vestuário e de decoração em que são utilizadas técnicas de pintura típicas da África, como o Batik Tie-Dye; entre outros. As atividades resgatam a memória afro e fortalecem a identidade local, favorecendo a alteridade entre visitantes e anfitriões.
“A gente vê o aumento da qualidade de vida dessas famílias. Com a venda dos produtos, há um incremento na renda. Além disso, eles passam a valorizar a comunidade a qual pertencem e reconhecem o seu próprio potencial”, acrescenta a técnica, orgulhosa do trabalho desenvolvido pelos aprendizes. Atualmente, cerca de 50% dos educadores dos cursos e oficinas desenvolvidos pela ONG são ex-educandos, moradores das áreas onde atuam.
Fonte: MTur