sábado, 30 de agosto de 2008

A Sotheby´s de olho no mercado brasileiro

No próximo sábado, o americano Peter Turtzo, diretor internacional da área de mercado imobiliário da Sotheby's, termina um roteiro de sete dias pelo Brasil, que inclui São Paulo, Rio de Janeiro e algumas cidades do Nordeste. "É minha quarta visita ao País. Já conheço mais o Brasil do que muito brasileiro. E não acho mais que a capital fica em Buenos Aires", diz Turtzo. Toda essa disposição porque ele aposta que o Brasil deve ser o próximo grande destino no mercado imobiliário de luxo. "A China está avançando, mas não muito mais que o Brasil."

A explicação é que o País ainda está barato para o investidor estrangeiro. Segundo dados da companhia, a cidade de São Paulo ocupa o 48º lugar no ranking do metro quadrado residencial. "O mercado vai mudar muito nos próximos quatro anos. Com o investment grade, o Brasil vai atrair mais fundos dispostos a comprar imóveis aqui", diz o presidente da Sotheby's Brasil, Fabio Rossi, que prevê uma alta de 30% nos preços. "Hoje, o metro quadrado mais caro está em Moscou, que há até pouco tempo era barato."

No País desde novembro de 2006, a Sotheby's não revela o quanto já vendeu por aqui. A expectativa é que, nos próximos 12 meses, atinja vendas de R$ 1 bilhão. A partir de 2010, esse número pode dobrar, segundo as previsões do executivo.

A empresa, que hoje tem dois escritórios em São Paulo, deve inaugurar bases em Natal, João Pessoa, Maceió, Salvador, Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro até o fim deste ano. Para se ter uma idéia, só nos Estados Unidos, ela tem uma rede de 340 escritórios. "Não teremos um boom, mas um crescimento contínuo", aposta Rossi.

Ao contrário do mercado americano, que já é maduro, o forte no Brasil serão os lançamentos. No momento, a Sotheby's está por trás das vendas de 16 empreendimentos em São Paulo e de 10 em outros Estados. O mais vistoso deles é um condomínio de luxo em Pernambuco cujo VGV (valor geral de vendas) é de R$ 4,5 bilhões.

No resto do mundo, a Sotheby's faz um esforço para que os outros ricos conheçam melhor o Brasil. Não por acaso, a campanha atual da companhia foi fotografada em diversas mansões e fazendas daqui.

SUBPRIME

Turtzo diz que o mercado de luxo não foi e nem será afetado pela crise das hipotecas de alto risco (subprime) dos EUA. "O subprime não atingiu a Sotheby's. A maioria dos clientes compra à vista", diz. A lista dos clientes impressiona - inclui 68 dos 100 homens mais ricos, 164 dos 500 CEOs de primeira linha e 169 dos 200 maiores colecionadores de arte.

O executivo acredita que a crise pode ser uma excelente oportunidade de negócios nos EUA. "No mercado de revenda, o preço médio das casas caiu 7,7% em julho. O número de casas à venda aumentou 3,8%", diz. Embora não demonstre preocupação, Turtzo diz que o faturamento da Sotheby's subiu apenas 2% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado. Em 2007, o crescimento foi de 43%. "Este ano não está bom como 2007. E não apenas nos EUA. A tendência geral é que o mercado caia em valor. Ainda não sabemos como o ano vai terminar."

Fonte: Valor On-line