Um fato engraçado ilustra por que Frei Miguelinho é conhecida como A Cidade dos Garçons. Era Dia das Mães, todos os restaurantes do Recife estavam lotados. Um cliente, acompanhado da família, tentava em vão conseguir uma mesa em uma churrascaria famosa. Os garçons, ocupados, não lhe davam atenção. Ele assegurou, então, aos que o acompanhavam, que conseguiria uma mesa. Em seguida, gritou: "Frei Miguelinho!" Boa parte dos garçons olhou em sua direção. O cliente pediu desculpas pela estratégia, disse saber da fama da cidade, e fez seu apelo. Conseguiu a mesa.
Localizada a 166 quilômetros do Recife, no agreste, com infraestrutura deficiente, Frei Miguelinho tem na figura do garçom a sua maior atração e uma de suas maiores riquezas. Eles ajudam a movimentar a economia, sustentada basicamente pela pequena pecuária, agricultura familiar, aposentadorias e funcionalismo público. É o município que, proporcionalmente à sua população - de quase 15 mil habitantes -, mais exporta o profissional no País. É o que garante a Associação dos Garçons de Frei Miguelinho, presidida por Ronas Vicente Gomes, o Tatu. Os destinos são principalmente a região metropolitana do Recife e grandes centros, como São Paulo e Rio.
"Em Pernambuco é assim: se você quer comprar artesanato, vá a Caruaru; se quer bananas, vá a Machados; se quer jeans, vá a Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Mas se seu objetivo é contratar garçons, vá a Frei Miguelinho", diz Damião Bezerra, integrante da diretoria da associação, que conta com 398 sócios ativos inscritos. Segundo Damião, cerca de 800 nativos de Frei Miguelinho têm atividade na área da gastronomia - 500 deles garçons. O restante é barman, cozinheiro, manobrista, porteiro.
Damião era um dos 40 garçons que se encontravam na segunda-feira passada na cidade para o tradicional bate-bola e confraternização da categoria. Eles sempre aproveitam o dia de folga para se reunir na cidade natal, onde grande parte mantém residência. O clima é de uma grande e animada família. É essa harmonia e a preocupação em ajudar os conterrâneos que ajudaram a criar a rede "exportadora" de garçons.
Fonte: O Estado de São Paulo